Problematização para foco numa situação-espaço específico (recorte)
Todos devem retornar ao local escolhido para ampliar a percepção sócio-espacial problematizando o espaço a partir das relações que acontecem nele. Para isso é importante conversar com as pessoas que usam o espaço, ou que conhecem o espaço, ou que trabalham no entorno e observam diversos usos em ocasiões distintas etc., ou seja, quem conhece o cotidiano do espaço e pode informar sobre variações, recorrências, rotinas, rupturas, eventos esporádicos marcantes etc. A partir dessas informações sobre acontecimentos no espaço, deve-se investigar os elementos espaciais que contribuem ou impedem as interações.
O objetivo é problematizar a situação-espaço entendendo as dinâmicas urbanas e apresentar tal problematização por meio de desenhos, diagramas, gráficos (e quando recorrer a textos, usá-los como anotações das imagens).
Lembrar da fala de Cedric Price:
"Ninguém deveria se interessar em projetos de pontes — deviam se preocupar com como chegar ao outro lado".
"No one should be interested in the design of bridges—they should concern with how to get to the other side".
PRICE, Cedric. The Square Book. London: Wiley, 2003, p. 51.
A problematização é um passo importante e não deve ser confundida com enquadramentos rápidos de problemas e suas soluções imediatas (ou seja, não é para pular para a proposição dos objetos antes de problematizar os espaços e de pensar no que desejam promover ou provocar nos espaços a partir do que foi problematizado).
Para conversa com as pessoas, sugerimos algumas dicas para entrevista:
Dicas para entrevista
ENTREVISTA
_ Não há uma sequência de perguntas mas sim um enunciado e um roteiro (como se fosse um lembrete do que se quer saber).
_ O objetivo é estabelecer uma conversa / diálogo a partir do enunciado, trazendo questões do roteiro, quando necessário.
_ O roteiro tem que estar bem introjetado para que os entrevistadores consigam conduzir a conversa naturalmente e não percam a objetividade.
_ Não esquecer o foco da entrevista: no caso de vocês seria interessante formular um enunciado para iniciar a conversa sobre as complexidades sócio-espaciais do lugar (isso varia e deve ser formulado a cada caso).
_ O roteiro deve ser informado pelas primeiras impressões do lugar.
_ Idealmente não fazer perguntas, mas apresentar o "enunciado" (sobre o que interessa conversar e porque).
_ No caso de formular perguntas, essas têm que dar abertura para que a pessoa discorra sobre o assunto, de forma que as respostas não se limitem a "sim", "não gosto", "acho bom" etc.
_ Atenção para não incluir a resposta na pergunta.
_ Ao formular as perguntas, considerar que normalmente as pessoas respondem o que acham que queremos ouvir, então é sempre bom ter atenção a isso para não induzir mais do que a nossa própria presença já induz (tentar deixar a pessoa à vontade para que ela fale para além do que ela imagina ser nossa expectativa).
COMO SE COMPORTAR DURANTE A ENTREVISTA
_ Apresentar-se brevemente (de onde é, qual o objetivo, o que espera do entrevistado).
_ Entrevista idealmente feita em dupla - uma conversa a outra anota, grava ou filma, e ajuda a primeira pessoa a lembrar de todos os pontos que querem saber. Mas funciona com uma pessoa só também (importante gravar, se possível, para voltar aos pontos depois e poder se dedicar a prestar atenção no que a pessoa está falando na hora da conversa).
_ Iniciar a conversa de forma introdutória, perguntando nome e onde mora/trabalha, e dai explica o que quer saber para o entrevistado falar livremente.
_ Linguagem corporal, concentração, “cara de paisagem” (nem concordar demais e nem discordar, para não induzir as respostas).
_ As pessoas normalmente gostam de conversar, principalmente sobre o cotidiano. Os entrevistadores devem levar isso em conta e não demonstrar insegurança ou constrangimento.
_ Caso o entrevistado fuja do assunto deve-se interrompê-lo delicadamente, fazendo uma pergunta ou retomando algum ponto já mencionado pelo entrevistado antes do desvio.
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